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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

EAD sem fronteiras: é possível encontrar cursos de primeira linha -e grátis- na internet

Há dez anos, o MIT (Massachusetts Institute of Technology), uma das mais respeitadas instituições de ensino superior dos Estados Unidos, decidiu publicar gratuitamente na internet o conteúdo de seus cursos. A iniciativa inspirou outras universidades a fazer o mesmo. Hoje, o consórcio OCW (OpenCourseWare) reúne instituições de ensino superior de 46 países, com conteúdo em 18 idiomas diferentes. Em português, é possível encontrar cursos como “Introdução à Administração Estratégica” e “Intermediação em Investimentos Financeiros”.

Ao longo da última década, a plataforma foi acessada por mais de 100 milhões de usuários. Entre as 202 universidades que fazem parte da rede estão MIT, John Hopkins, Universidade da Califórnia, Universidade de Michigan, Instituto Tecnológico de Tóquio, Fundação Getulio Vargas, Universidade Politécnica de Madri e Paris Tech. Há ainda universidades que não fazem parte do grupo, mas disponibilizam suas aulas gratuitamente na internet (leia mais abaixo).
“Quem está interessado em um assunto mas não tem como objetivo tornar-se oficialmente um especialista –ou seja, não precisa de certificado– encontra um material de altíssimo nível para aprender”, afirma a consultora em educação Marta Maia, professora da FGV (Fundação Getulio Vargas). A FGV, a Unisul (Universidade do Sul da Santa Catarina), a Federal Rural de Pernambuco e a Universidade de Sorocaba são as opções brasileiras no consórcio.
Ainda que iniciativas como essa estejam transformando a educação pelo mundo, o formato no qual se tem acesso apenas ao conteúdo de um curso não pode ser considerado EAD pela legislação brasileira. Isso porque, mesmo que o material seja estudado rigorosamente, não há discussões com professores e colegas, atividades em laboratório, tutoria, prazos, exames presenciais e, sobretudo, não há diplomas.
Para José Manuel Moran, professor de novas tecnologias da USP (Universidade de São Paulo) e diretor de ensino a distância (EAD) da Universidade Anhanguera-Uniderp, esses conteúdos só podem ser classificados como EAD sob um ponto de vista mais amplo do termo. “Sempre que se aprende algo por meio eletrônico há uma forma de ensino a distância. Hoje existe uma variedade incrível de oportunidades”, afirma. Mas, assinala, o estudo independente enfrenta resistência no Brasil. “O público brasileiro tem apresentado a necessidade de um ensino a distância mais monitorado”, diz ele.
Segundo Marta Maia, da FGV, os conteúdos abertos estão presentes no ensino oficial do Brasil de forma complementar aos cursos. “É uma oportunidade ótima. Nenhum professor deve deixar de buscar no OCW material que complemente o seu”, aconselha. “Mas, em geral, é para isso que serve: como um complemento. Como não há professor, não tem quem provoque, estruture o projeto pedagógico e trace a rota, apontando onde os estudantes devem chegar”, completa a professora.
Para atender à demanda de alunos que desejam ter um certificado que ateste o conteúdo aprendido nas aulas a distância, o MIT anunciou, em dezembro, que terá, pela primeira vez, uma plataforma com fóruns de discussão entre estudantes, acesso a laboratórios on-line e certificados para quem comprovar em exame ter aprendido os conteúdos das aulas virtuais.
O sistema, batizado de MITx, continuará gratuito. Uma taxa, ainda a ser definida, será cobrada de quem quiser fazer o exame para o certificado. Segundo informou o reitor da instituição, Rafael Reif, durante entrevista coletiva no lançamento do projeto, o MITx entrará no ar ainda este semestre, com um ou dois cursos. Mas a ideia é que ele atinja a dimensão do OCW.

Aprendiz 
Créditos: www.ivanilson.com 

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